Tinha tudo para ser um grande jogo. E foi. A começar pela história que envolve esse jogo.
Paiaiá Futebol Clube: time formado por jogadores, em sua grande maioria, do povoado do Paiaiá, Bahia. Um povoado com aproximadamente 600 habitantes.
Unidos da Bahia: time formado por jogadores (todos) da cidade de Itapicuru, Bahia.
Apenas 40 km separam as duas localidades.
São José do Paiaiá: um povoado do Estado da Bahia no Município de Nova Soure, antiga Natuba. Existe um registro do nome grafado como na sua origem Payayá, esse registro consta na parede do Mercado e Talho Municipal de Payayá onde acontece as feiras livres aos Domingos.Essa referência é datada de 1958. Os Paiaiás são descendentes dos Tapuias que no século XVII e XVIII também eram chamados de “índios de chapéus”[2], essa tribo de Índios payayá habitavam o sertão de Jacobina Bahia, no século XVII[3]. Uma das aldeias dos Paiaiás que habitavam a região mais tarde conhecida como Fazenda Olho D`água, atualmente São José do Paiaiá.O uso do Y como referência Linguística na Língua tupi significa água.
É no povoado do Paiaiá que está localizada a maior biblioteca comunitária do mundo, 120 mil livros;
Itapicuru: um município brasileiro do estado da Bahia. O município foi criado em 1728 e sua população estimada em 2014 era de 35 632 habitantes. Um dos municípios mais antigos da Bahia, é um caminho para a História.
Itapicuru nome também de origem indígena (Tupi-Guarani) que quer dizer laje caroçuda, pelas espécies de rochas encontradas pelos indígenas na região. Antigo povoamento indígena, que foi habitada pelos índios Payayás .
O jogo de hoje foi mais um capítulo dessas duas histórias indígena
Os dois time entraram em campo como guerreiros indígenas preparados para a Huka-huka (luta dos povos indígenas).
Porém, o Paiaiá FC, que entrou em campo com: 1Sílvio, 2 Gabriel, 3 Zé Elosn, 4 Rui, 6 Thiago; 5 Jojó, 8 Neto, 7 Guduga, 10 Itaécio; 11 Tunico, 9 Binho, parecia mais perdido em campo.
Por mais que demonstrasse mais volume de jogo, também criamos duas boas oportunidades, uma delas desperdiçada por Itaécio, de cara com o gol, o Paiaiá não conseguia acertar o posicionamento entre os seus três jogadores de meio cmapo ( Neto, Guduga e jojó).
Também não soube se organizar na cobrança de escanteio que resultou no primeiro gol do Unidos da Bahia. A bola, ficou “viva” dentro da área pedindo para ser chutada. Quem aproveitou foi Roberto para fazer o primeiro gol do jogo. Paiaiá 0 x 1 Unidos da Bahia.
Os guerreiros do Paiaiá FC, ainda atônitos, tentavam “entrar” no jogo e buscar o gol de empate.
Em vão. Com um meio campo parecendo que estava participando de um outro jogo a bola não chegava ao ataque que não fosse via ligação direta (chutão).
O segundo gol também nasceu de uma infelicidade, não habitual, do zagueiro Zé Elson. Um passe para o goleiro, Sílvio, que veio sem força, exigindo que o goleiro dividisse a bola na linha da grande área. Numa dividida forte entre dois guerreiros, a bola sobrou para Roberto, que chutou forte, no alto, e venceu o zagueiro Rui na linha do gol.
Com 2 x 0 no placar, cabia ao Paiaiá FC manter a calma. Caso contrário, poderia tomar mais gols do jovem e forte time do Unidos da Bahia.
Corner para o Paiaiá FC, a bola viajou e Rui, sem marcação, subiu, cabeceou para o chão e diminuiu a desvantagem.
Era evidente que algo tinha que mudar. Não apenas uma troca de jogador. Mas teria que mudar a postura e o posicionamento.
Voltamos com as seguintes mudanças: Thiago deu a lugar Rodrigo e Jojó foi deslocado para a lateral esquerda; Neto deu lugar Gibeca;
A entrada de Rodrigo mudou a cara do jogo e do time( como sabe jogar bola). Bola no pé dele e a molecada não conseguia marcar.
O time parecia o velho Paiaiá FC que encanta tecnicamente. Dominou o jogo, criou chances… O gol de empate estava madurecendo.
Binho recebe , domina, põe na frente e derrubado. Confiante, levanta, pega a bola e diz: ” eu vou fazer”.
Cobrança por cima da barreira, aquela cobrança que chamamos de perfeita, indefensável, na gaveta, e que goooooooolllllllllllllllllllllllllaaaaaaaaaaaaaaaaaaçççççoooo!, diria José Silvério, caso tivesse narrando.
Agora, no placar a Huka-huka estava empatada: Paiaiá 2 x 2 Unidos da Bahia.
Esse gol não apenas colocava o Paiaiá em igual no placar, gol que já vinha merecendo há muito tempo, esse gol era a justiça futebolística em campo. Afinal, o guerreiro Rodrigo fez jus a sua entrada.
Não, não houve pressão do adversário. Era outro Paiaiá que estava em campo.
Era o Paiaiá que viu guerreiro Tunico tirar de dois jogadores, ir para a linha de fundo e cruzar para o guerreiro Rodrigo fazer o terceiro do do Paiaiá FC.
O juiz acabou o jogo com 46 minutos: Paiaiá 3 x 2 Unidos da Bahia.
Huka-huka é uma arte marcial e um estilo de luta tradicional brasileiro dos povos indígenas do Xingu e dos índios Bakairi, todos do estado de Mato Grosso. O huka-huka é uma das modalidades de luta corporal de demonstração dos Jogos dos Povos Indígenas.
O huka-huka inicia com os atletas ajoelhados. Começa quando o dono da luta, um homem chefe, caminha até o centro da arena de luta e chama os adversários pelo nome. Os lutadores se ajoelham girando em circulo horário frente ao oponente, até se entreolharem e se agarrarem, tentando levantar o adversário e derrubá-lo ao chão.
O que esse clássico da várzea baiana realizado na várzea da maior cidade do país, escreveu foi mais um capítulo do esporte recheado de história e cultura incomum.
Somo um só povo, somos desportistas armados de respeito e hombridade. O que queremos fazer é história, e história se faz, também, através do futebol de várzea.
Parabéns ao time do Unidos da Bahia, comandado pelo guerreiro Cláudio.
Parabéns ao Paiaiá FC pela vitória.
11/02/2018, CDC Independente, Interlagos, zona Sul de São Paulo, foi habitado pelos índios Payayás .
PAIAIÁ FUTEBOL CLUBE , MAIS QUE UM TIME!
Um bom adversário e uma superação dentro de campo, pois mesmo não apresentando um bom futebol conseguimos “bater” uma equipe não só formada por garotos, mas garotos que jogam bem.